Quarta-feira, 14 de Outubro de 2009
O Rei de Quase-Tudo

 

O Rei de Quase-Tudo tinha quase tudo. Tinha terras, exércitos e tinha muito ouro.

Mas o rei não estava satisfeito com o quase tudo.

Ele queria TUDO.

Queria todas as terras, queria todos os exércitos, e todo o ouro que ainda houvesse.

Assim... mandou os seus soldados à procura de TUDO.

E mais terras foram conquistadas... Outros exércitos foram dominados...

Nos seus cofres já não cabia tanto ouro. Mas o rei ainda não tinha TUDO.

Continuava o Rei de Quase-Tudo.

Por isso ele quis mais. Quis as flores, os frutos e os pássaros.

Quis as estrelas e quis o Sol.

Flores, frutos e pássaros lhe foram trazidos.

Estrelas foram aprisionadas e o Sol perdeu a liberdade.

Mas o rei ainda não tinha TUDO.

Porque tendo as flores, não lhes podia prender a beleza e o perfume.

Tendo os frutos, não lhes podia prender o sabor.

Tendo os pássaros, não lhes podia prender o cantar.

Tendo as estrelas, não lhes podia prender o brilho.

E tendo o Sol, não lhe podia prender a luz.

O Rei ainda era o Rei de Quase-Tudo. E ficou triste.

Na sua tristeza saiu a caminhar pelos seus reinos.

Mas os reinos eram agora muito feios.

As flores e os frutos tinham sido colhidos.

A noite não tinha estrelas e o dia não tinha Sol.

E triste como ele, eram os seus súbditos.

Então o Rei de Quase-Tudo não quis mais nada.

Mandou que devolvessem as flores aos campos e que entregassem as terras conquistadas.

Mandou que plantassem árvores para que dessem frutos e que soltassem os pássaros.

Mandou que distribuissem as estrelas pelo céu e que libertassem o Sol.

E o Rei ficou feliz.

Na sua imensa alegria sentiu a paz. E sentindo paz, o rei viu que não era mais o Rei de Quase-Tudo.

Ele agora tinha TUDO.

Eliardo França

 

"A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida."

Fernando Pessoa

 



publicado por Sheila às 09:46
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