"Os dedos com que me tocaste
persistem sob a pele,
onde a memória os move."
Luis Miguel Nava
Incrível como uma simples frase pode sintetizar um vasto contexto de sentidos... de saudades... de memórias...
Boa semana!
Para mim o AMOR e a Admiração andam de mãos dadas.
Admiro pessoas inteligentes, tolerantes, meigas, com sentido de humor e com valores! Seria incapaz de amar alguém que não admirasse! Alguém com quem sinta um particular orgulho por estar ao seu lado. Há sempre algo na pessoa que amamos que está de uma certa forma acima de nós, talvez uma característica que não temos (mas que gostaríamos de ter), um determinado padrão de comportamento que nos faz sentir um genuíno orgulho todos os dias.
Amor é uma emoção que surge na nossa vida, que por vezes vem de mansinho, que aparece ser pedir licença e que se vai alimentando de encontros, de conhecimento mútuo, de pequenos afectos e mimos e se vai sedimentando num sentimento mais forte. Muitos amores fracassam, outros resistem às agruras da vida, às depressões pessoais.
O amor não se procura... não nos bate à porta... simplesmente acontece no decorrer e do edificar de uma amizade, de uma partilha de conhecimentos...
Por vezes o amor acontece e nem sempre é recíproco. Às vezes, amamos quem nunca nos irá amar de volta, e vice versa. Muitas vezes o amor acontece e é recíproco quando ambos tem disponibilidade interior. Porque sim, o amor transtorna-nos completamente, obriga-nos a reestruturarmo-nos e a deixar que alguém invada a nossa intimidade. O amor alimenta-se de estabilidade interior. Simplesmente não acontece na vida de quem mantém dependências afectivas porque em vez de amarem, apenas transferem carências emocionais para o outro, sem o amar verdadeiramente pelo que é.
O amor não entra nem sai do coração. Não há uma porta que se abre para um novo amor, nem uma porta que se fecha e impede o amor de acontecer.
O amor sente-se no coração mas acho que o amor não está só no coração!
O amor está nos nossos cinco sentidos, na forma como vemos, ouvimos, tocamos, provamos, cheiramos e sentimos o outro. O amor está nos sentidos, que chegam até ao nosso cérebro que traduz os estímulos visuais, auditivos, tácteis, gustativos, olfactivos, em emoções, ideias, pensamentos, sentimentos, partilhas, cedências, vivências…
Amor é uma partilha intensa de afectos e é imprescindível nas nossas vidas... um sentimento que nos preenche em pleno.
A PAIXÃO e a Atracção complementam-se! São sentimentos puramente fisicos. Não há nada de mais excitante que os ínicios de relações... aquele jogos de sedução que se criam à volta do desejo fisico e da atração. Todas as pessoas acham uma certa piada em seduzir e em serem seduzidas. É óptimo desejar e ser-se desejado mesmo que de uma situação efémera se trate... A paixão alimenta-se de olhares prolongados que transmitem o que as palavras não sabem... alimentam desejos fugazes e insaciáveis..
A paixão, quando surge, é sempre avassaladora e malvadamente monopolizadora. Há um flash que nos cega repentinamente e faz-se luz: a paixão entra na nossa alma e tudo o resto deixa de ter sentido. Vivem-se dias de intensa euforia ou de grande angústia da perda. Damo-nos conta que não conseguimos viver sem essa paixão e que todo o nosso mundo gira à sua volta.
Numa paixão correspondida é a beleza e o fascínio que ditam as regras .Mas a paixão é fugaz... um belo dia a paixão de um dos lados acaba e surge com o fim do júbilo, a mais dolorosa agonia. O sentimento é que tudo se desmoronou à nossa volta. É o vazio profundo a contrastar com um vulcão aceso e ardente que consome por dentro.
Será que o O AMOR e a PAIXÃO andam de mãos dadas? Será que primeiro sentimos paixão e depois amor? Ou será que o amor nasce da amizade e não da paixão?
Considero que ambas as situações podem acontecer... mas que um amor que nasce de uma verdadeira amizade é por ventura o que perdure mais...
Uma situação comum entre o Amor ou a Paixão é que ambos podem fracassar! Superar uma paixão ou um amor não é nada fácil. É preciso dar muito tempo ao tempo para que todas as feridas sejam tratadas e relambidas e possam assim cicatrizar. É preciso conseguir preencher o vazio de nós e ganhar forças suficientes para conseguirmos abrir o coração de novo. Na verdade, não há paixões insuperáveis, nem amores mal resolvidos, o que há é um grande medo de voltar a viver, de voltar a ser vulnerável e de dar uma nova oportunidade, a alguém imperfeito como nós e que poderá voltar a magoar-nos. É muito mais fácil colocar um amor ou uma paixão no altar da nossa memória, idolatrá-la perpétuamente do que enterrá-la no passado e voltar-se para o mundo de coração aberto. Às vezes, é simplesmente um encarar da realidade: a pessoa que tínhamos endeusado ou idealizado, afinal não corresponde às nossas (altas) expectativas. Muitas vezes o problema das relações de hoje é que as pessoas, para admirarem alguém, precisam de capacidades ou comportamentos cada vez mais elevados; necessitam que o outro corresponda a critérios cada vez mais exigentes, tanto em termos de beleza física como em intelectualidade e inteligência, além de um sem fim de aptidões e qualidades.Cada vez menos, as pessoas se prendam porque andam em busca de um ser perfeito para admirar que existe apenas na sua imaginação, porque muitas pessoas, comparando-se aos padrões de beleza e de excelência da sociedade moderna, sabem que não têm hipótese e simplesmente desistem de se mostrarem e de se fazerem amar.
Mas todos precisamos de afecto. O amor é imprescindível na nossa vida, sim! A paixão é fugaz e física. Sofremos mais quando um amor se esgota, ou quando sentimos a sua falta... mas o Amor é um sentimento que surgirá de novo e nos fará renascer!
Haja abertura para permitir a entrada de afectos presentes e amores futuros…
Alguém me dizia... "Estou com saudades de viver uma paixão. Mas é tarde de mais."
Demasiado tarde porque a vida está organizada e o medo que alguma coisa a possa desarrumar é grande.
Razão mais que válida, admito. Quando passamos anos a construir uma relação, uma família, é muito difícil imaginar que tudo possa desmoronar. Ainda mais quando se é feliz assim...
A pessoa em causa até tem um alvo dessa paixão que gostaria de viver. Uma paixão que vive com a alma, mas que recusa viver com o corpo. Uma paixão onde as mãos só se tocam em pensamento...
A verdade é que precisamos destes sentimentos mais fortes para nos sentirmos vivos. Sentimentos que nos obrigam a repensar a vida, que surgem quando menos esperamos, que surgem sem os procurarmos.
Sentimentos que se obrigam a ficar calados, em nome da estabilidade?
Será mesmo "tarde de mais" para viver uma paixão?
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