“É uma palavra bonita, mágoa. Sabe a lágrimas silenciosas, a noites de insónia,
a manhãs de Domingo solitárias e sem sentido.
Está para lá da tristeza, da saudade, do desejo de lutar pelo que já se perdeu,
da raiva de não ter o que mais se queria, da pena de ter deixado fugir um grande amor,
por ser demasiado grande. Primeiro grita-se, barafusta-se, soluça-se em catadupas.
Depois, é o pós-guerra, a rendição, a entrega das armas e as sentenças de um tribunal
marcial interior, em que os juízes são a vida, e o réu, o que fizermos dela.
Limpam-se os destroços. Enterram-se os mortos, tratam-se dos feridos,
que são as nossas feridas, feitas de saudades, de desencontros, palavras infelizes
e frases insensatas, medos, frustrações e tudo o que não dissemos.
A mágoa chega então, quando o cansaço já não nos deixa sentir mais nada.
É silenciosa e matreira, instala-se sem darmos por ela, aloja-se no coração.
Mas o mundo nunca pára. Nada pára. A vida foge, os dias atropelam-se,
é preciso continuar a vivê-los, mesmo com dor.
Pelo menos a mágoa magoa, mas faz-nos sentir vivos.”
As Crónicas da Margarida,
Margarida Rebelo Pinto
Felizmente não tenho muitas mágoas, mas tenho momentos que olho para trás no tempo e sinto-me triste por saber que não voltarei a vivê-los. É precisamente por isso que cada novo dia é motivo suficiente para vivermos intensamente cada momento, para que não fiquem mágoas do que não se volta a repetir. Como diz a Margarida Rebelo Pinto o mundo não pára, nada pára e é preciso continuarmos bem impulsionados para continuar a viver.
Que seja intensamente. Que seja com alegria. Que seja com óptimismo.
Que um sopro seja o suficiente para afastar as mágoas que por vezes nos assombram!
Continuação de boa semana!
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