Há belezas passageiras, disposições acertadas, sentimentos conclusivos.
Também existem visões periféricas, combinações imaginativas, antevisões inconclusivas...
Já todos sabemos da dificuldade de agradar a gregos e a troianos.
Mas, mesmo assim, há quem insista no equívoco... lol
Há coisas que não têm princípio.
Existem outras que não têm meio.
E ainda existem outras a que se não vê o fim... brrrrr
Tudo se altera com o tempo.
Mas o tempo não se cansa nem se esgota.
Há que aproveita-lo ao máximo!
Bom fim de semana... e aproveitem ao máximo este Sol maravilhoso wiiiiiiiiii
Há mulheres que querem que
o seu homem seja o Sol.
O meu quero-o nuvem.
na voz do seu homem.
O meu que seja calado e eu,
nele, guarde meus silêncios.
Para ser a minha voz quando
Deus me pedir contas.
No resto, que tenha medo
e me deixe ser mulher,
mesmo que nem sempre sua.
Que ele seja homem em breves doses
Que exista em marés, no simples
ciclo das águas e dos ventos.
E, vez em quando, seja mulher,
tanto quanto eu.
As suas mãos as quero firmes
quando me despir.
Mas ainda mais quero
que ele me saiba vestir.
Como se eu mesma me vestisse
e ele fosse a mão da vaidade.
Mia Couto
em Idades Cidades Divindades
Sem qualquer sombra de dúvida que é impossível antecipar o que amanhã pensaremos daquilo que hoje fazemos. Sabemos de antemão que no futuro poderemos olhar com outros olhos para tudo o que vivemos hoje.
Hoje temos uma melhor percepção e distinguimos no passado tudo aquilo que na altura nos era impossível vislumbrar. O passar do tempo e o afastamento das situações permite-nos fazer uma análise, de uma forma mais madura, sobre muito do que já vivemos. O facto de conhecermos as consequências das nossas decisões, opções e dúvidas também nos ajuda a ter uma nova visão sobre aquilo que aconteceu.
Todos vivemos alegrias e tristezas que perderam entretanto a sua intensidade. Muitas das nossas vivências transformaram-se em memórias longínquas. Assumimos certezas que acabaram por se revelar perfeitos enganos. Fizemos apostas e escolhas que foram perdas de tempo. Reconhecemos enganos que afinal não passaram de simples mal-entendidos. Lembramos azares que hoje parecem ser uma sorte. Tomámos decisões que foram erros de análise. Cometemos falhas que hoje vemos que afinal não o eram...
Certas coisas do nosso passado ganham hoje um novo brilho, enquanto que outras estão sujeitas a perder parte da magia que as caracterizava. Estou certa que haverá algumas que vão manter a sua imagem, porque há coisas na nossa vida de que não nos arrependemos, até porque arrependimento hoje é sinónimo que não vivemos determinadas situações como deviamos ter vivido.
No entanto, hoje não podemos ter a pretensão de querer compreender inteiramente aquilo que vivemos, por isso resta-nos sentir e viver o presente, acima de tudo o hoje!
“Todos nós atravessamos o presente de olhos vendados. No máximo, conseguimos pressentir e adivinhar aquilo que estamos a viver. Só mais tarde, quando se desata a venda e examinamos o passado é que nos apercebemos daquilo que vivemos e compreendemos o seu sentido.”
Milan Kundera in “O livro dos amores risíveis”
Temos tendência a achar que um afastamento é apenas a distância fisica que separa as pessoas e a senti-lo quando a saudade bate mais forte. Pode até ser, mas existem outros tipos de afastamento. Nem sempre um afastamento é do “tipo” físico, e quantas vezes é o afastamento emocional que nos magoa bem mais. Também o afastamento fisico e emocional pode acontecer em simultâneo e é das sensações mais frustrantes que podemos vivênciar.
Num afastamento fisico podemos manter uma ligação que permita não sentirmos de forma tão dolorosa a separação fisica. Afinal conseguimos manter contacto através de um e-mail, de uma sms, de um telefonema e até de uma música ou de um gosto partilhado, e aqui curiosamente mantemos uma ligação emocional. Também, e quantas vezes, podemos estar fisicamente próximos e no entanto estarmos afastados porque emocionalmente existe algo que nos impede de comunicar com quem está perto de nós. Este afastamento emocional é, sem dúvida alguma, mais angustiante, porque os obstáculos existentes são menos palpáveis e quantificáveis. Para os obstáculos físicos podemos idealizar uma estratégia para os ultrapassar, mas quando eles são emocionais tudo se torna mais complicado, mais subjectivo e menos identificável.
Um afastamento nem sempre é uma separação imposta, pode também ser procurado por nós em algumas alturas. Quantas vezes sentimos necessidade de ficarmos sós para podermos reflectir! Quantas vezes nos fechamos na nossa concha para ganharmos tranquilidade! Quantas vezes sentimos necessidade de nos afastarmos um pouco para relaxar e descansar! Como é salutar sentirmo-nos emocionalmente afastados de tudo o que está à nossa volta, naqueles momentos em que precisamos de respirar, de nos sintonizarmos com o “nosso eu”. Quando impomos ou procuramos um afastamento, cabe-nos a decisão de o voltarmos a iniciar, como resultado daquilo que sentimos ou do que queremos sentir, fruto das opções que tomamos. Quando um afastamento é imposto, sentimo-lo como sendo uma limitação, o resultado de uma decisão que não escolhemos e não controlamos e que bate em nós como uma sensação de incapacidade. Quantas vezes tentamos uma aproximação e percebemos que é impossível pelas mais variadas razões!
Um outro tipo de afastamento pode ainda ser uma decisão repartida, em que o afastamento é, de certa forma, o preço que temos que pagar para obter alguma coisa que nos é importante. É um afastamento imposto por algo que desejamos ou que consideramos importante ou vital para o nosso bem estar.
Em suma, se um afastamento é físico, este termina quando os obstáculos são transpostos: a distância, a disponibilidade, o tempo, etc. Se for emocional tem que ser restabelecida a confiança para que o afastamento termine e tem que voltar a existir necessidade de presença emocional entre as partes.
Deste ponto de vista, o afastamento físico por mais complicado que pareça pode ser sempre mais simples de ser ultrapassado do que um afastamento emocional, já que depende essencialmente da nossa capacidade em ultrapassar os obstáculos físicos, enquanto que um afastamento emocional depende muito de vontades mútuas e do conseguir gerir os sentimentos envolvidos.
Nos afastamentos definitivos temos que saber aceitar e conviver com eles, respeitando a sua memória mas sem ficarmos presos a ela. As nossas memórias ou fragmentos de situações ou relações nunca deixam de fazer parte das nossas vidas e muitas vezes são a base da pessoa que somos.
Tenha pena de alguns afastamentos que vou observando e sentindo ao longo da minha vida. Na minha habitual rotina aprendi a conviver com determinadas ausências e passei a viver em sintonia com o que tenho e com quem me acompanha, porque e acima de tudo o importante é valorizar verdadeiramente cada momento, cada pedacinho de algo vivênciado, porque tenho bem presente que há momentos e pessoas que são únicas, que passam por nós, mas nem sempre ficam.
Termino esta minha divagação com uma frase de Leonardo da Vinci, e que faz imenso sentido para mim: “Para estar junto não é preciso estar perto, e sim do lado de dentro”.
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