Se há coisa difícil na vida é dizer adeus!
Despedirmo-nos de alguém é sempre doloroso. Há algo que se perde entre os que vão e os que ficam. Uma espécie de caixa vazia onde ficam encarcerados todos os sentimentos presos a uma despedida.
Odeio despedidas! Nunca aprendo a desligar-me desses momentos e sem querer vivo-os dias ou horas antes de realmente acontecerem. Talvez a opção seja não manter o contacto visual muito tempo. Dar um último beijo com o coração de fugida e suster aquela maldita saudade que dá ligação directa às lágrimas... mortinhas por sair.
E hoje foi assim... ele ia de viagem. Chegou o momento da despedida. Esta custava mais que todas as outras. Estava abraçada a ele, num envolvimento forte e intenso. Mais um beijo e o evitar pensar que estava mesmo acontecer... evitar pensar nos longos 5 dias que se seguem... evitar pensar que talvez se abraçar mais forte ele não tenha que ir!
Ele olhou-me olhos nos olhos, abraçou-me, beijou-me muito e sussurrou-me palavras de amor. Eu falei do presente... que tudo vai valer a pena... que tudo vai correr bem mas por momento algum consegui parar de pensar, de me projectar nos próximos dias sem ele... sem o seu corpo... sem o seu abraço do qual queria fugir e ao mesmo tempo refugiar-me para sempre...
Chegou a hora. Um último beijo. Um virar as costas. O entrar no carro. Um último Amo-te Muito, num articular de lábios. Um último aceno de adeus. Ainda olhou para trás.
De olhos secos, alma lacrimejante, vi-o a partir... mas não lhe disse adeus, apenas um Até mais logo!
Talvez o que custa numa despedida é o receio de uma ultima visão, de um último abraço, de um último beijo, de um último sorriso, de um último acenar antes da partida e depois ter de viver com esse vazio que custa muito a preencher e me deixa um amargo sentimento de solidão.
“Que o breve
seja de um longo pensar
Que o longo
seja de um curto sentir
Que tudo seja leve
de tal forma
que o tempo nunca leve”
Alice Ruiz
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