Já que não estás mais neste mundo para ouvir as palavras que ficaram presas no meu coração, deixa-me escrevê-las para libertar as frases e as histórias que já não te poderei contar, como quem apanhou beijinhos à beira-mar toda a sua vida e os devolve agora ao mar…
Sabes o quanto me fazes falta?
Eras o peso que fazia equilibrar a balança dos meus dias difíceis. Eras a cafeína que dava energia às minhas horas lentas.
Agora que já não estás aqui para temperar as minhas emoções e sentimentos, sinto-me vazia e tenho dias em que não consigo preencher essa solidão que me submerge, tantas vezes que acordo de manhã sabendo que não voltarei a ver-te, a falar contigo, sinto-me tão triste!
Tenho saudades das nossas longas e produtivas conversas. Aprendi tanto contigo sabias?
Passaram 8 anos, sei que muitos não compreendem porque não supero a tua ausência, mas como explicar-lhes? Como fazer sentir no coração dos outros aquilo que só o meu abrange? Por incrível que pareça sempre achei que íamos ser amigos até sermos velhinhos, e continua a ser difícil aceitar que já partiste.
Por isso, escrevo-te esta carta, porque mesmo não existente, és o único que entenderá… o quanto me fazes falta!
Beijinho doce meu Anjo!
"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."
Miguel Sousa Tavares
Querido H, passaram 8 anos e não há dia que não me lembre de ti. 8 anos em que revivo a imagem do meu marido a dar-me a noticia de que o meu melhor amigo tinha falecido num acidente. Um amigo insubstituível, companheiro incansável nos momentos bons e maus. Tu que me fazes falta em cada dia que passa. Tu que não esqueço, momentos que a memória e o coração mantém vivos sempre. Onde quer que estejas eu sei e sinto que estás sempre comigo. Que me proteges, que me visitas, que continuas a cuidar de mim. Em sonhos disseste-me um dia que tinhas de partir, mas que sempre que precisasse bastava fechar os olhos e chamar por ti. Quando esta noite me deitar, vou fechar os olhos e esperar que me visites no meu sonho e me contes as tuas aventuras... como dantes quando regressavas de uma das tuas viagens e trazias a magia do conhecimento dentro de ti. A vida nunca mais foi igual sabes! No entanto e desde que te perdi, aprendi a viver com outra intensidade, com uma esperança renovada e com a vontade de viver mais intensamente cada momento. O facto de raramente me chatear com alguém ou alguma coisa devo-o a ti.
Beijo doce e terno meu querido amigo.
Até já!
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