O Rei de Quase-Tudo tinha quase tudo. Tinha terras, exércitos e tinha muito ouro.
Mas o rei não estava satisfeito com o quase tudo.
Ele queria TUDO.
Queria todas as terras, queria todos os exércitos, e todo o ouro que ainda houvesse.
Assim... mandou os seus soldados à procura de TUDO.
E mais terras foram conquistadas... Outros exércitos foram dominados...
Nos seus cofres já não cabia tanto ouro. Mas o rei ainda não tinha TUDO.
Continuava o Rei de Quase-Tudo.
Por isso ele quis mais. Quis as flores, os frutos e os pássaros.
Quis as estrelas e quis o Sol.
Flores, frutos e pássaros lhe foram trazidos.
Estrelas foram aprisionadas e o Sol perdeu a liberdade.
Mas o rei ainda não tinha TUDO.
Porque tendo as flores, não lhes podia prender a beleza e o perfume.
Tendo os frutos, não lhes podia prender o sabor.
Tendo os pássaros, não lhes podia prender o cantar.
Tendo as estrelas, não lhes podia prender o brilho.
E tendo o Sol, não lhe podia prender a luz.
O Rei ainda era o Rei de Quase-Tudo. E ficou triste.
Na sua tristeza saiu a caminhar pelos seus reinos.
Mas os reinos eram agora muito feios.
As flores e os frutos tinham sido colhidos.
A noite não tinha estrelas e o dia não tinha Sol.
E triste como ele, eram os seus súbditos.
Então o Rei de Quase-Tudo não quis mais nada.
Mandou que devolvessem as flores aos campos e que entregassem as terras conquistadas.
Mandou que plantassem árvores para que dessem frutos e que soltassem os pássaros.
Mandou que distribuissem as estrelas pelo céu e que libertassem o Sol.
E o Rei ficou feliz.
Na sua imensa alegria sentiu a paz. E sentindo paz, o rei viu que não era mais o Rei de Quase-Tudo.
Ele agora tinha TUDO.
Eliardo França
"A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida."
Fernando Pessoa
De
Marta a 14 de Outubro de 2009 às 12:00
Olá amiga,
Engraçado os reis de quasetudo são normalmente reis de quasenada.
Beijinhos
De
Sheila a 16 de Outubro de 2009 às 01:19
LOL
Muito bem visto minha querida :)
E de facto há muitos assim sim!
Beijinhos doces para ti linda
De
MIGUXA a 14 de Outubro de 2009 às 17:57
Sheila,
Minha doce e querida amiga,
O sentimento de posse estraga a alegria de abraçar
Beijos doces
Margarida
De
Sheila a 16 de Outubro de 2009 às 01:24
Doçura linda,
Tão bom que foi o teu abraço e carinho :))
Grande verdade doce amiga, o sentimento do "posso, quero e mando" é castrador do sentimento de sentir, partilhar e amar.
Espero que estejas bem doçura,
Muitos beijinhos doces e ternurentos para ti e o desejo que amanhã tenhas um dia feliz
Eu penso que a única coisa que é nossa somos nós mesmos e mesmo assim, não completamente, pois não temos o poder de escolher algumas coisas que nos estão destinadas como, por exemplo, a doença...
É o nosso ego que nos dig "isto é meu" porque tem necessidade de posse para se elevar, para se sobrepôr aos outros, pois pensa que quanto mais tem, mais é. Mas não, o que nos temos guardamos no coração, é lá que guardamos os nossos tesouros mais valiosos, os nossos sentimentos e , no cérebro, as lembranças e memórias boas...
Bjns
De
Sheila a 16 de Outubro de 2009 às 01:29
Sabes eu também acho que o que sentimos e guardamos cá dentro, e tantas vezes a nossa essência partilha com os que nos rodeia, é o verdadeiro tesouro da vida. O ditado também diz que "quem tudo quer, tudo perde" e este pode ter tantas interpretações, mas na sua essência é uma grande verdade. Aqueles que se sintonizam e só ligam aos bens materiais acabam tantas vezes por não sentirem aquela realização pessoal quando obtem as coisas... agora quem se sintoniza nos afectos, na partilha, no sentimento acaba forçosamente por sentir-se mais "rico" e auto-realizado e isto para mim é o mais importante.
Beijinhos doces para ti
tão verdade este ponto de vista e tão sinonimo dos dias que correm
nunca estamos satisfeitos com aquilo que temos
e por vezes não imaginamos que por pouco que possamos ter e com isso ate vivermos bem, para muitíssima gente isso seria um fortuna simplesmente porque iriam vivendo dignamente , pois nem isso conseguem
mentiria se dissesse que nunca assim fui , pois também tive a minha dose de egoísmo e egocentrismo reflectida numa juventude em que o céu e o limite , mas não temos noção se quer do chão que pisamos , quanto mais do que vai la no alto
mas o tempo e as lições de vida mudaram esta minha perspectiva de ver as coisas e ainda bem
e hoje em dia tenho um maior equilíbrio entre aquilo que desejo,tenho,devo e possa ter :)
e não limito estas minhas vontades única e exclusivamente a minha pessoa
e ai e que penso ter encontrada uma das minhas maiores riqueza e qualidade , a de saber repartir com os outros , seja isso o que for
desde o simples sorriso ao abraço , ao conforto a palavra ate aos bens materiais
beijo enorme de cumplicidade minha doce e terna amiga :)
De
Sheila a 16 de Outubro de 2009 às 01:35
no fundo e em algumas coisas a tendência do ser humano é sentir-se insatisfeito. Por vezes acho que as pessoas deixam de viver para si, para a sua felicidade e bem estar, e passam as suas vidas a viver demasiado para o objectivo material, do ter e querer, do ambicionar mais e mais. Cada vez mais se valoriza o que não é de facto importante. É quase como ir às compras sem trazer um único bem de 1ª necessidade para casa.
O facto de hoje admitires a tal dose de egoísmo e egocentrismo da juventude leva-te para o caminho do equilibrio, da tão necessária plenitude de sentimentos e bem estar, tão necessários para que a vida faça e continue a fazer sentido sempre!
Beijo muito muito grande, doce & cumplice e o desejo que amanhã tenhas um dia tranquilo e bem passado :)
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