Se a vida fosse um livro, podia dividi-la em capítulos. Num primeiro esquisso pensava logo em dividir a vida em capítulos de acordo com as etapas tradicionais; o nascimento, a infância, a adolescência, a vida adulta, o começar a trabalhar, o casamento, os filhos, as etapas do crescimento dos filhos, os netos, a velhice e a morte...
Além destas etapas, acho contudo que existem muitas outras que podemos encontrar na nossa vida. Estou mesmo certa que existem acontecimentos na nossa vida que mereciam só por si um capítulo autónomo. Acontecimentos que surgem e claramente marcam etapas bem distintas no nosso percurso de vida!
Há mudanças que marcam etapas de vida: uma mudança de casa faz-nos transportar para novos espaços do nosso quotidiano, faz-nos re-inventar e mudar o cenário da nossa rotina e durante algum tempo vivemos com uma nova disposição dos objectos pessoais que usamos diariamente e adoptamos uma nova rotina face à disposição do novo espaço. O simples facto de mudarmos de emprego, implica também e quase sempre uma mudança de hábitos e ambientes, um conhecimento de novas pessoas, uma mudança nas tarefas diárias, nos percursos e nas relacções. Um novo relaccionamento, seja ele de amizade, amor ou simplesmente profissional marca sempre a nossa vida como um início de uma nova etapa. De alguma forma, qualquer mudança ou alteração faz-nos aprender sempre coisas novas e faz-nos crescer.
Um acidente ou uma doença podem também marcar uma etapa, porque nos marca para a vida, fisicamente ou psicologicamente ou de ambas as formas, e porque nos faz encarar a vida de modo diferente, porque é normal que passemos a dar um valor diferente às coisas, às pessoas, às situações e às atitudes que nos rodeiam.
Uma grande desilusão com algo ou até mesmo com alguém, faz-nos repensar a forma como acreditamos e confiamos no mundo que nos rodeia, abrindo a porta a uma nova fase na nossa vida.
A morte de alguém que nos é próximo, deixa-nos saudades pela sua ausência forçada e permanente, e isso pode ser o início de um novo período, uma nova etapa em que re-aprendemos a viver sem aquela pessoa.
Estes acontecimentos podem de facto marcar a nossa vida, no momento em que acontecem fazem-no sem dúvida nenhuma. Mas é com o passar do tempo, quando olhamos para trás, que conseguimos identificar quais destes acontecimentos foram realmente marcantes na nossa vida e nos provocaram uma alteração na forma de estar na vida. É nessa altura que damos valor ao que aconteceu e sentimos que se a nossa vida fosse um livro então estaria ali um novo capítulo.
Por mais negativo e cinzento que possa ser um capítulo ou um determinado momento, haverá sempre novos capítulos plenos de novas oportunidades, e novos acontecimentos para podermos viver momentos felizes.
A diferença entre o livro e a vida, é que o autor depois de escrever um episódio pode apagar ou alterar o que escreveu, mas na vida os episódios que vivemos não podem ser eliminados e passam a fazer parte integrante da nossa memória. Temos que os aceitar e seguir em frente. Para isso precisamos de um optimismo realista, que nos permita acreditar que conseguimos viver momentos felizes sem deixar de respeitar e aceitar os obstáculos que sabemos que nos vão aparecer pela frente.
A vida não é um rascunho que se passa mais tarde a limpo num novo caderno.
Verdadeiramente importante é conseguir manter o prazer de escrever o livro da nossa vida.
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