Tudo na natureza obedece a um ritmo.
As flores e folhas abandonam a árvore quando o Outono anuncia sua chegada... E retornam mais belas quando o período de recolhimento se finda e os galhos já estão prontos para receber a Primavera novamente.
Abandonar a árvore não significa morrer ou sair da vida, mas servir à vida; servir não como um executor de ordens, mas como aquele que se descobriu parte integrante de algo maior que a sua efêmera condição de folha ou flor; abandonar a árvore é permitir que o movimento continue e a vida seja vitoriosa.
O Inverno silencia a música eufórica do Verão para que os animais se recolham e a terra aquiete, a fim de preparar a festa da Primavera.
E quando tudo está pronto, a vida explode no milagre de cores e formas; os animais saem do seu silêncio sagrado e preparam-se para o acasalamento... Para que a vida seja vitoriosa.
Servir à vida significa penetrar nesse movimento sagrado - permitir-se ser acolhido pelos braços generosos do Universo, quando ainda não temos braços para acolher; recolher-se para preparar as flores e os frutos e, assim começar a aprendizagem de reconhecer-se fruto e não lavrador, só então, é chegada a hora de abrir os braços e o coração para que todos os seres possam desfrutar desses frutos, e assim realizar o sagrado ofício de se dar.
Existir é celebrar a maravilhosa oportunidade de fazer parte desse mágico espectáculo e, quando chegar a hora, abandonar os frutos, as flores e todos os seres que fizeram parte dessa trajetória, como um actor que sai de cena, quando a cortina se fecha e a peça já não existe mais no palco, mas no coração dos espectadores... Tudo isso, só para que a vida seja vitoriosa.
Por que nós, humanos, temos tanta dificuldade em participar desse movimento?
Por que tentamos agarrar a vida, como se fosse um objecto qualquer, pronto para ser incorporado ao nosso património?
Pobres de nós, humanos, que tentamos segurar esse fluxo, com as mãos e nos desesperamos quando percebemos que tudo se esvai pelos nossos dedos.
Não nos permitimos dançar com a música do Universo, porque estamos preocupados em congelar a melodia, cristalizar a nota e não percebemos que, com isto, matamos a música. Talvez seja o momento de nos consciencializarmos que o nosso ofício é participar com sabedoria e generosidade desse movimento sagrado... Para que a vida, seja vitoriosa!
Miriam Morata Novaes
E está tudo dito! Que façamos de cada dia da nossa efémera existência uma vitória!
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