Segunda-feira, 13 de Julho de 2009
Uma outra reflexão da sociedade...

 

 

“Tiro liro liro ...

Pressinto que a minha filha de 11 anos vai começar a pedir-me para sair à noite com os amigos dentro de, sensivelmente, uma semana ou duas. Por isso, tenho tentado fazer tudo para que ela continue a ser criança até aos 35 anos, idade que considero ser apropriada para a deixar sair de casa pela primeira vez. Foi com esse objectivo que  adquiri recentemente a colectânea de canções infantis "As músicas da carochinha".

Asneira!

Tirando as canções do grande José Barata-Moura, que são de facto brilhantes (embora não me encham as medidas como outros temas do autor, tais como "É a valsa da burguesia/Tocada bem a compasso/Pela socialdemocracia/Para nos travar o passo" ou "Cravo vermelho ao peito/A muitos fica bem/Sobretudo faz jeito/A certos filhos da mãe" - e que também ponho a tocar para a miúda ouvir), é rara a cantiga que não tem referências a sexo.

 

Numa canção, uma rapariga encontra o seu amor a caminho de Viseu e exclama "Ai Jesus que lá vou eu!". Segue-se um "Ora zus truz truz, ora zás traz traz" bastante suspeito, sobretudo na medida em que é acompanhado por um preocupante "Ora chega, chega, chega". Se ir a caminho de Viseu já é, em si, insensato (aliás, sempre que a música toca alerto a minha filha para o facto de Viseu ter sido o distrito em que o Cavaco obteve mais votos), encontrar o amor e embrenhar-se numa sessão de zus truz truz e zás traz traz com ele é um exemplo que não gostaria de ver a minha filha seguir nos próximos tempos.

 

Noutra música, outra rapariga (ou será a mesma galdéria?), pretende que certo papagaio loiro lhe leve uma carta ao namorado. E mais adiante há uma criada que se gaba do seguinte: "Sete e sete são catorze, com mais sete, vinte e um. Tenho sete namorados e não gosto de nenhum." Aquilo que começa por ser uma inocente lição de matemática descamba na mais gratuita exibição de deboche. Ter sete namorados e não gostar de nenhum podia ser a sinopse do filme que passou há dias no canal 18, em que uma senhora desdenhava da companhia dos seus sete namorados para centrar as atenções num brinquedo a pilhas.

 

Vejo-me, portanto, forçado a pôr a tocar apenas a música "A saia da Carolina", que em certo passo diz: "A saia da Carolina/Foi lavada com sabão/Tem cuidado ó Carolina/não lhes deixes pôr a mão". Até que enfim, um bom conselho.

 

in "Inimigo Público" 30/07/2004

 

 

 Este post vem a propósito de uma reportagem que vi hoje na SIC, intitulada "Gravidez na Adolescência". Infelizmente os jovens iníciam cada vez mais cedo a sua vida sexual. Assiste-se hoje, em pleno século XXI, a jovens de 12 e 13 anos a engravidarem. Fiquei atónita quando assisto ao depoimento de uma jovem com 15 anos, que afirma que esta gravidez é desejada, que é o que ela queria mesmo! É óbvio que a culpa não é das canções da nossa infância... mas é alarmante pensar no que leva a estas situações. Há um tempo para tudo, e ser-se mãe com 14 ou 15 anos devia estar completamente fora de questão!

Será erro dos pais? Será fruto desta sociedade juvenil demasiado emancipada? Será culpa das instituições que, salvo raras excepções, conseguem manter um controlo presente de todos os alunos e alunas?

Confesso que isto assusta, e muito!

 

 



publicado por Sheila às 01:25
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20 comentários:
De comecardenovopt.blogspot.com a 13 de Julho de 2009 às 19:39
Interessante! Eu penso que tudo vem do berço, da educação e do diálogo pais e filhoe Deixar adolescentes, ou melhor, crianças de cerca de 12 ou 14 anos saírem com os amigos à noite, muitas vezes sem sequer saberem quem são esses amigos é uma irresponsabilidade muito grande. Ouvir o que já ouvi mães dizerem: quando a minha filha começar a sair. não me preocupo.., dou-lhe logo um pilula para a mão....; isso é tirar qualquer respondabilidade à filha; em vez disso, teria que conversar com ela e dizer que sexo nessas idades é cedo; ele tem que ser feito com consciência e na idade certa. Por acaso foi essa mesma conversa que tive com a minha filha: nesta idade é cedo para sexo.., nem com pilula nem sem ela; ele exige maturidade, consciência do que se está a fazer. Infelizmente, há mães que têm vergonha de falar e não querem estar atentas ao que se passa com as filhas. Se estiverem e não tiverem vergonha, vão saber a hora certa de conversar com elas sobre esse assunto e tudo correrá bem. Beijinhos e parabéns pelo tema. Eu já passei essa fase, pois os meus filhos já são jovens adultos, mas sempre conversei com eles abertamente, sem vergonha e chamando as coisas pelo seu verdadeiro nome .
Emília Pinto


De Sheila a 14 de Julho de 2009 às 02:17
Olá Emília,
É essa a postura que considero correcta e que mais se assemelha com a minha personalidade. Esperar pelos momentos certos e oportunos para explicar as coisas. Há idades para tudo e até para conseguirmos chegar aos nossos filhos. Há idades em que passam a perceber as coisas e se fizermos um acompanhamento diário e a 100% conseguiremos saber o timing exacto.
Eu sou uma pessoa demasiado prática e também racional, e quando explico o que quer que seja é sempre na base da abertura total e sem qualquer vergonha.
Desde miuda que contava quase tudo aos meus pais, ainda hoje é com eles que falo muitas coisas em que tenho duvidas. Comecei a namorar com o meu marido tinha 15 anos e perto dos 18, falei com os meus pais sobre iniciar a minha vida sexual e obtive total apoio deles... o meu pai marcou-me uma consulta e comecei a tomar a pilula aos 18 anos. Espero conseguir esta abertura com a minha filha, mas só o tempo o dirá :)
Beijinhos grandes amiga.
Espero que esteja a correr tudo bem com a tua netinha :) Desejo-te uma excelente semana


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