Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos, os erros dos nossos progenitores e com o esforço de abolirmos os abusos do passado.
Somos os pais mais dedicados e compreensivos mas, por outro lado os mais bobos e inseguros que já houve na história.
O grave é que estamos a lidar com crianças mais “espertas” do que nós, ousadas, e mais “poderosas” que nunca!
Parece que, na nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ser, passamos de um extremo ao outro.
Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram aos seus pais e a primeira geração de pais que obedecem aos seus filhos.
Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos.
Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos.
E, o que é pior, os últimos que respeitamos os nossos pais e os primeiros que aceitamos que os nossos filhos nos faltem com o respeito.
À medida que o permissível substítuiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudou de forma radical, para o bem e para o mal.
Com efeito, antes se considerava um bom pai, aquele cujos filhos se comportavam bem, obedeciam às suas ordens, e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais, e veneravam os seus pais, mas à medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e os nossos filhos foram-se desvanecendo...
Hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco o respeitem.
E são os filhos, quem agora, esperam respeito dos seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas ideias, os seus gostos, as suas preferências e sua forma de agir e viver.
E que além disso, que patrocinem no que necessitarem para tal fim.
Quer dizer; os papéis inverteram-se!!
Agora são os pais que têm que agradar aos seus filhos para “ganhá-los” e não o inverso como no passado.
Isto explica o esforço que fazem tantos pais e mães para serem os melhores amigos e “darem tudo” aos seus filhos.
Dizem que os extremos se atraem. Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo dos seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo aos nos verem tão débeis e perdidos como eles.
Os filhos precisam de perceber que durante a infância, estamos à frente das suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter e de guiá-los, enquanto não sabem para onde vão...
É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrolo e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.
Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.
Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar na nossa idoneidade para governar as suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, carregando-os e rendidos às suas vontades.
Os limites abrigam o indivíduo. Com amor ilimitado e profundo respeito.
Mônica Monastério
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