Sexta-feira, 22 de Maio de 2009
Limites!

 

 

Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos, os erros dos nossos progenitores e com o esforço de abolirmos os abusos do passado.

Somos os pais mais dedicados e compreensivos mas, por outro lado os mais bobos e inseguros que já houve na história.

O grave é que estamos a lidar com crianças mais “espertas” do que nós, ousadas, e mais “poderosas” que nunca!

Parece que, na nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ser, passamos de um extremo ao outro.

Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram aos seus pais e a primeira geração de pais que obedecem aos seus filhos.

Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos.

Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos.

E, o que é pior, os últimos que respeitamos os nossos pais e os primeiros que aceitamos que os nossos filhos nos faltem com o respeito.

À medida que o permissível substítuiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudou de forma radical, para o bem e para o mal.

Com efeito, antes se considerava um bom pai, aquele cujos filhos se comportavam bem, obedeciam às suas ordens, e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais, e veneravam os seus pais, mas à medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e os nossos filhos foram-se desvanecendo...

Hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco o respeitem.

E são os filhos, quem agora, esperam respeito dos seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas ideias, os seus gostos, as suas preferências e sua forma de agir e viver.

E que além disso, que patrocinem no que necessitarem para tal fim.

Quer dizer; os papéis inverteram-se!!

Agora são os pais que têm que agradar aos seus filhos para “ganhá-los” e não o inverso como no passado.

 

Isto explica o esforço que fazem tantos pais e mães para serem os melhores amigos e “darem tudo” aos seus filhos.

Dizem que os extremos se atraem. Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo dos seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo aos nos verem tão débeis e perdidos como eles.

Os filhos precisam de perceber que durante a infância, estamos à frente das suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter e de guiá-los, enquanto não sabem para onde vão...

É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrolo e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.

Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.

Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar na nossa idoneidade para governar as suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, carregando-os e rendidos às suas vontades.

Os limites abrigam o indivíduo. Com amor ilimitado e profundo respeito.

 

Mônica Monastério

 



publicado por Sheila às 22:01
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6 comentários:
De comecardenovoblogspot.com a 23 de Maio de 2009 às 14:29
Este texto retrata bem o que se passa com os pais e filhos da sociedade de hoje . Passou-se de um extremo ao outro. Eu penso que os filhos devem saber, desde pequenininhos que antes de sermos amigo, somos pais, É nosso dever dar-lhes limites, ensinar-lhes o que é responsabilidade, o que é respeito pelos mais velhos. se assim fizermos desde o berço não teremos nunca problemas. Fiz assim com os meus desde bem pequeninos, fazendo-os cumprir o que lhes era exigido no infantãrio, mandado serem responsáveis pelos brinquedos, não dixando nunca que faltassem ao infantário.., isso sóse tivessem febre. Muitas vezes a minha filha dizia: Mãe, será que eu não tenho frbre..., a minha testinha parece quente. Ela sabia que só assim não ia para a escolinha. Deu certo: hoje eu tenho uns filhos adultos que são verdadeiros cidadãos e que já estão a transmitir para o meu neto Lucas os mesmos ensinamentos. Só assim é que as crianças se sentem amadas e protegidas. Infelizmente alguns pais pensam o contrário e não ensinam os filhos a cresceram com segurança e reconhecendo o valor que têm. Eu sempre castiguei mas tb sempre elogiava quando eles o merecim Beijinhos e obrigada pelo assunto tão interessante. Há muita gente que prec isa de ler este texto

Emíli


De Sheila a 23 de Maio de 2009 às 17:18
Olá Emilia,
Os valores estão a inverter-se sim. Vivemos uma vida alucinada contra o tempo. Deixamos as nossas crianças na escola horas a fio, porque temos que trabalhar e temos o factor Carreira. Quando a Inês era mais pequena era uma luta contra o tempo, em conseguir conciliar a carreira e as tarefas domésticas. Felizmente e com o companheirismo e apoio do meu marido tudo se conseguiu. Não foi preciso meter uma empregada ou afogar a criança em mimos superfluos. A educação que tento incutir é baseada no respeito, na entre-ajuda e na responsabilidade. Tem resultado, embora ainda tenha 7 anos e já tenha tidos alguns castigos, acho-a um doce e acho que me irei orgulhar ainda mais dela.
Queria dizer-te que é muito bom "ouvir" os teus comentários, sinto-me privilegiada pela partilha da tua enriquecedora experiência e agradeço-te muito por isso.
Beijinhos doces e desejo-te um excelente fim de semana!
Sheila


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