Gosto de voar, de dar liberdade à imaginação, de sentir as rédeas da vida nas minhas mãos e projectar as minhas vontades, sonhos e desejos na ténue linha da minha realidade.
Comecei o ano a voar ligeiramente mais baixo do que é habitual.
Mas e mesmo mais em baixo não desisto do meu voo e não deixo de observar ou desejar o teu.
Como é bom voar devagar como um beijo que se dá sem a preocupação com o que está para além dele.
Um beijo ou um voo fazem parte da eterna sucessão do pousar e levantar, porque sempre existirá quem voa pelo simples prazer de o sentir, ou por gostar de contemplar as coisas de um modo diferente e mais pessoal.
Quando decido voar, o ar à minha volta confunde-se com a vontade e logo ali se forma um vórtice capaz de agitar o meu mundo. Nem sempre é a força que faz deslocar os objectos, ou que produz sentimentos, ou que despoleta paixões, ou desencadeia ilusões. Sem dúvida que a nossa vontade e determinação em voar é a nossa maior força.
Há dias que consigo voar mais alto do que é habitual em mim. Por vezes niguém repara, até porque a diferença não está no voo, está na altura em que se pratica o voo. Um voo em si é simples: impulso interior, agitação da vontade, um pouco de intensidade emocional, um pouco de leviandade e lá estamos nós no ar sem saber bem porquê. Quem voa não se apercebe da dificuldade que têm em voar aqueles que não sabem. É sempre bom superar as dificuldades ou sonhar em fazer qualquer coisa que saia do habitual.
Voar para quem voa é trivial. Voar para quem não voa é uma impotência muito íntima.
Há dias em que não consigo voar. Há pessoas que implicam com a possibilidade de voos. Pessoas demasiado agarradas à mesmisse de sempre, ao marasmo do conformismo. Talvez porque não sabem, ou porque não querem, ou porque não desejam, ou porque incomodam, ou porque, e para elas, voar é fútil, e caminhar é bem mais estável. E dou por mim a achar que caminhar é de facto aquilo que a maioria pratica. Afinal andar é só pôr um pé à frente do outro e depois seguir o movimento e praticar a rotina.
Voar é bem diferente! Além das asas da vontade, é preciso ter coragem.
É preciso ter os olhos bem abertos, porque o acto de voar só se consuma quando se consegue avistar o mundo de distinta feição.
Quem voa não se contenta em andar...
Quem voa gosta de voar...
... e de ver por onde voa.
Num voo não há limites... ou, pelo menos, não devia haver!
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